Projeto promoverá a troca de saberes entre chefs dinamarqueses, pequenos produtores e profissionais de gastronomia, com o objetivo de valorizar o uso de ingredientes locais
Idealizado pela Embaixada da Dinamarca, pelo coletivo dinamarquês Melting Pot e pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), executado pelo Instituto Paulo Martins, em parceria com os chefs Paulo Anijar e Simon Lau, e financiado pela Agência Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional, o Projeto Intercâmbio Amazônia aposta na gastronomia como caminho para desenvolvimento local e fortalecimento de relações globais mais justas e sustentáveis. Com três Laboratórios Culinários presenciais programados para os meses de julho, agosto e setembro, cada um terá um tema culinário diferente e contará com a participação de um chef da Dinamarca, além dos 20 profissionais locais de gastronomia, que passaram por um concorrido processo de seleção.
Pra preencher as vagas ofertadas nos laboratórios, o Intercâmbio Amazônia contratou uma empresa especializada em recrutamento profissional, que procedeu a uma rigorosa seleção dos candidatos. Em disputa bastante concorrida, que contou com etapas variadas como dinâmicas e entrevistas individuais, quase 200 profissionais locais, com alto nível de experiência e conhecimentos, se inscreveram para disputar uma das 20 vagas disponíveis. Os vencedores do processo seletivo participarão de três Laboratórios Culinários, que destacam a riqueza, o sabor e a versatilidade dos ingredientes amazônicos, além de promover a troca de conhecimentos entre comunidades tradicionais, cozinheiros locais e chefs dinamarqueses.
O primeiro encontro com os candidatos selecionados foi em uma aula inaugural no dia 21 de julho, onde todos receberam as primeiras informações acerca da programação, tendo a oportunidade de se familiarizar com cada etapa do processo. Na próxima semana, já terá início o primeiro laboratório, no período de 28 a 31 de julho, apresentando a Mandioca como tema. Além da rica experiência partilhada, os participantes terão acesso a uma formação gratuita de alto nível, com direito a certificado ao final dos três laboratórios, aprofundando seus conhecimentos sobre os ingredientes, territórios e saberes tradicionais amazônicos.
LABORATÓRIOS
Cada laboratório contará com quatro dias de atividades, sendo os três primeiros de participação obrigatória. A programação inclui um dia de imersão, onde os participantes vivenciam o cotidiano de comunidades produtoras da região metropolitana de Belém, com foco na valorização do conhecimento local e no protagonismo comunitário. Todas as comunidades tradicionais envolvidas nos Laboratórios Culinários recebem, previamente, visitas técnicas da equipe do Instituto Paulo Martins, momento em que se faz o reconhecimento de instalações, plantações, atrativos, modos de produção, verifica-se a viabilidade das atividades propostas e, sobretudo, a escuta atenta das sugestões e encaminhamentos da comunidade que, desse modo, assume seu papel de destaque.
No primeiro Laboratório, por exemplo, no qual o tema será a Mandioca, um dos destinos será a Comunidade Quilombola Espírito Santo do Itá, localizada na zona rural de Santa Izabel do Pará, onde haverá visitas ao Museu da Mandioca e à casa de farinha, trocas de saberes e histórias, além de um delicioso almoço regional, preparado pelas cozinheiras da comunidade.
Depois, as atividades ocorrerão nas dependências do Cesupa, outro parceiro local do IPM. No segundo dia, os profissionais selecionados lideram as práticas culinárias com base nos ingredientes amazônicos; no terceiro, os chefs convidados da Dinamarca conduzem a jornada, compartilhando técnicas, experiências e visões de mundo.
Deste modo, o projeto é uma vivência formativa que permite uma conexão profunda. “A proposta é olhar para os ingredientes da Amazônia com outros olhos: como potência econômica, identidade cultural e resposta à crise climática. Tudo isso, pelas mãos e memórias de quem vive a cozinha todos os dias”, reflete a pesquisadora em cultura alimentar Joanna Martins, diretora do Instituto Paulo Martins.