Embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pedersen
“A alimentação é uma das formas mais poderosas de expressão cultural.” A frase da Embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pedersen, resume o espírito do Projeto Intercâmbio Amazônia, uma iniciativa que transforma a cozinha em território de encontro entre culturas, saberes e modos de vida. Nesta entrevista, a Embaixadora fala sobre o significado dessa colaboração e o papel da comida como ponte entre povos.
Ao refletir sobre o poder da gastronomia em unir tradição e inovação, ela destaca que cozinhar juntos é também um ato de cooperação e também uma forma de aprender, respeitar e criar caminhos para um futuro mais justo, criativo e sustentável, dentro e fora da Amazônia. Confira entrevista abaixo:
O que motivou a Embaixada da Dinamarca a apoiar um projeto como este na Amazônia?
A Dinamarca tem um compromisso de longa data com a promoção do desenvolvimento sustentável e do crescimento inclusivo. Apoiar um projeto na Amazônia se alinha perfeitamente a esses valores. A região possui imensa importância para a estabilidade climática global e a biodiversidade, mas também enfrenta profundos desafios socioeconômicos. Ao combinar gastronomia, sustentabilidade e desenvolvimento comunitário, este projeto demonstra como a alimentação pode ser um catalisador tanto da proteção ambiental quanto da inclusão social. Além disso, a iniciativa está fortemente conectada ao conceito de bioeconomia, que valoriza a natureza não apenas pela sua preservação, mas como base para inovação, geração de renda e prosperidade local.
Como você enxerga o papel da comida e da cultura na construção de pontes entre países?
A alimentação é uma das formas mais poderosas de expressão cultural. Ela reflete história e identidade e pode conectar pessoas através de fronteiras com mais eficácia do que palavras. Por meio da gastronomia, cria-se um espaço de aprendizado e respeito mútuos, onde as tradições locais encontram a inovação global. Nesse sentido, a colaboração culinária se torna uma forma de diplomacia, fomentando a compreensão, a confiança e a criatividade entre a Dinamarca e o Brasil. Ao mesmo tempo, ao promover a gastronomia sustentável, destacamos como cultura e alimentação podem contribuir para um novo modelo econômico que valoriza os recursos locais de forma responsável e cria pontes entre o conhecimento tradicional e as práticas modernas de sustentabilidade.
Por que é importante para a Dinamarca promover o desenvolvimento sustentável em regiões como a Amazônia?
A floresta amazônica é um patrimônio dos países que a abrigam, mas sua preservação é crucial para todo o planeta. A Dinamarca reconhece que o desenvolvimento sustentável nesta região deve andar de mãos dadas com a inclusão social e as oportunidades econômicas. Como destacou o Presidente Lula, a floresta não é um santuário, mas um lugar onde as pessoas devem poder viver. Apoiar projetos que colocam essa visão em prática como este ajuda a transformar a Amazônia em um exemplo vivo de como a proteção ambiental e o bem-estar humano podem coexistir. Ao fortalecer iniciativas locais que valorizam a biodiversidade e empoderam comunidades, a Dinamarca contribui para a proteção ambiental a longo prazo, ao mesmo tempo em que ajuda a garantir que os benefícios da sustentabilidade cheguem às pessoas que vivem e dependem da floresta.
Você acredita que esse intercâmbio culinário pode inspirar novas parcerias no futuro?
Com certeza. Esta iniciativa reúne chefs, produtores, pesquisadores e formuladores de políticas criando uma base sólida para futuras colaborações, demonstrando resultados tangíveis em gastronomia sustentável.
Que mensagem gostaria de deixar para os chefs, produtores e profissionais envolvidos nesta iniciativa?
Vocês são os verdadeiros embaixadores desta iniciativa. Por meio de sua criatividade, dedicação e respeito pela natureza, vocês mostram que o futuro da gastronomia pode ser sustentável e inspirador. Cada ingrediente local destacado e cada conexão construída contribui para uma sistema alimentar mais inclusivo e responsável promovendo a bioeconomia amazônica. Nós valorizamos profundamente o trabalho realizado por vocês e acreditamos que esse exemplo repercutirá muito além da Amazônia, inspirando ações globais pela sustentabilidade.
