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Simpósio destaca gastronomia, inclusão social e sociobioeconomia na Amazônia durante a COP30

Num encontro onde sabores, memórias e territórios se entrelaçaram, o Simpósio Sistemas Alimentares Sustentáveis transformou o Mercado de São Brás, em Belém, em um grande palco de convergências: entre gastronomia e floresta, entre saberes tradicionais e inovação, entre a Amazônia e o mundo que a observa durante a COP30.

Realizado em 13 de novembro, o simpósio colocou em debate a relação entre gastronomia, sustentabilidade e desenvolvimento sociobioeconômico, reunindo pesquisadores, chefs, agricultores e lideranças comunitárias do Brasil e do exterior. O encontro reforçou os princípios do Projeto Intercâmbio Amazônia e atraiu grande atenção do público: foram 250 inscritos e participação ativa ao longo de toda a programação.

Com duas palestras e três painéis temáticos, o evento apresentou uma visão ampla sobre o potencial transformador da culinária amazônica. O brunch servido durante o simpósio, assinado pela chef paraense Dani Martins, valorizou ingredientes regionais e celebrou a diversidade culinária local.

Diretamente da Dinamarca, o chef e empreendedor social Claus Meyer, referência mundial e cofundador do Noma, trouxe ao simpósio as bases da Nova Cozinha Nórdica. Em sua fala, destacou como práticas gastronômicas conectadas ao território podem impulsionar transformações sociais e ambientais de longo prazo.

Claus Meyer, um dos idealizadores da Nova Cozinha Nórdica, participou do evento na capital paraense.

Um dos destaques do evento foi o painel composto por Joanna Martins (Instituto Paulo Martins), Marie-Sophie (chef franco-dinamarquesa), Jeanira Pereira (agricultora da Comunidade Campo Limpo) e mediado por Bel Coelho. A chef brasileira exaltou a força das mulheres amazônidas e o papel fundamental que desempenham na guarda e transmissão dos saberes sobre alimentos, tema que gerou grande engajamento do público.

A segunda palestra foi conduzida pela agricultora e bióloga Raquel Tupinambá, que apresentou práticas alimentares dos povos originários do Tapajós, ressaltando a integração entre indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Em tom de denúncia, chamou atenção para os impactos da contaminação por mercúrio no Rio Tapajós, que compromete espécies essenciais à alimentação tradicional.

Raquel também participou de um painel ao lado do chef dinamarquês Bo Frederiksen, da agricultora Jane Costa (quilombo Espírito Santo do Itá) e da professora Jacirene Queiroz. Juntos, discutiram memórias afetivas, transmissão de saberes e desafios para manter vivas as culturas alimentares amazônicas.

O último painel da programação abordou caminhos para tornar restaurantes mais sustentáveis, social e ambientalmente. A mesa reuniu o chef boliviano Kenzo Hirose, a cultivadora de ostras Taciara Freitas (Vila Lauro Sodré), Rosane Oliveira (Abrasel Nacional) e o advogado Daniel Aguilar, que destacou oportunidades de atuação do poder público para incentivar práticas responsáveis no setor gastronômico.

Ao final, o simpósio reforçou o papel da gastronomia como ferramenta estratégica para inclusão social, fortalecimento territorial e valorização da sociobiodiversidade amazônica, em sintonia com os debates globais promovidos pela COP30.

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